Programa de Pós-Graduação em História

Projetos e Grupos de Pesquisa

A atividade de Inteligência do Departamento de Polícia Federal (DPF)

Este projeto, de autoria da Profa. Priscila Carlos Brandão e com o envolvimento de pós-graduandos, objetiva o levantamento e análise do processo de institucionalização de um sistema de inteligência no âmbito da Polícia Federal, desde sua criação na década de 40, até o ano de 2003, quando, a partir da posse do delegado Paulo Lacerda como novo Diretor-Geral (DG), houve uma ruptura paradigmática operacional dentro do Departamento de Polícia Federal (DPF). Desde então é possível perceber, a partir da análise das operações desencadeadas, um esforço institucional, no sentido de superar as práticas anteriormente desenvolvidas e os preconceitos enraizados na instituição, frutos, principalmente, da Doutrina de Segurança Nacional.

A Biotipologia no Brasil em meados do século XX: Juvenil Rocha Vaz e a clínica propedêutica da Faculdade de Medicina do Rio De Janeiro

Projeto da Profa. Ana Carolina Vimieiro Gomes e que conta com a participação de graduandos, tem como tema geral a história do processo de constituição de campos de conhecimentos científicos no Brasil. Busca-se analisar a acomodação de um modelo de cientificidade para as ciências biomédicas baseado em pressupostos de quantificação e de qualificação dos fenômenos corporais. Esse novo olhar da ciência sobre os corpos circulou no Brasil desde fins do século XIX e parece ter se consolidado ao longo do século XX. Um dos campos de conhecimento biomédico onde esse modelo esteve presente foi a biotipologia. O propósito desta pesquisa é analisar a história desse campo científico no Brasil em meados do século XX (1930-1950), em que se propunha a qualificação dos corpos das pessoas, em termos morfológicos, fisiológicos e de temperamento. Um dos protagonistas na emergência da biotipologia no Brasil foi o médico Juvenil Rocha Vaz (1881-1964). Rocha Vaz era mineiro, nascido na cidade de São Pedro de Alcântara, formado na Faculdade de Medicina do Rio de Janeiro, onde também foi professor da cadeira de clínica propedêutica, a partir de 1919. Em torno dessa cadeira de clínica propedêutica, existia um laboratório de biotipologia, denominado Serviço do Prof. Rocha Vaz. Pretende-se investigar como e por que esse Serviço foi lugar para a realização de pesquisas de classificação biotipológica dos corpos dos brasileiros e, com isso, entender de que maneira a biotipologia era lá praticada. Supõe-se que esse campo científico foi instrumento biopolítico para estabelecer, por meio de classificações de biótipos, hierarquias na diversidade corpórea dos brasileiros, definir padrões de normalidade e saúde corporal, bem como avaliar a propensão das pessoas para desenvolver determinadas doenças.

A circulação do conhecimento e a formação de redes de sociabilidades

Projeto da Profa. Betânia Gonçalves Figueiredo, com o envolvimento de pós-graduandos, detém-se sobre a circulação do conhecimento entre Brasil e Portugal a partir dos manuais de medicina presentes no Brasil nos séculos XVIII e XIX. O estudo privilegiará a circulação das plantas medicinais e os cuidados com a saúde dos escravos.

A figura do escritor nas biografias de Machado de Assis e Euclides da Cunha das coleções Brasiliana e Documentos Brasileiros nos anos 1930 e 1940

Projeto de pesquisa em fase inicial de desenvolvimento, de autoria do Prof. Douglas Attila Marcelino, vinculado ao projeto geral "Brasiliana: escritos e leituras sobre a Nação", sob coordenação da professora Eliana de Freitas Dutra. Centra-se na análise das obras de natureza biográfica sobre as figuras de Machado de Assis e Euclides da Cunha publicadas nas coleções Brasiliana e Documentos Brasileiros nos anos 1930 e início dos 1940. Falecidos em fins da primeira década do século XX e homenageados com funerais expressivos e outras celebrações consagratórias, ambos tornaram-se os escritores de obras literárias mais biografados nos textos então editados nas duas coleções, os quais ocuparam lugar de destaque dentro do conjunto de livros de natureza diversa que as caracterizaram. Autores como Lúcia Miguel Pereira, José-Maria Belo, Mário Matos, Francisco Venâncio Filho, Elói Pontes e Gilberto Freyre produziram obras nesse sentido. Geralmente marcadas pela busca de certa humanização dos personagens biografados, não obstante amparadas nos debates teóricos da época e na maior reflexividade alcançada pelo gênero biográfico, muitas dessas obras expressavam os fundamentos memorialísticos daquela forma de escrita, fundamentada em uma busca da identidade nacional que encontrava na psicologia autoral o caminho que, inclusive, supostamente a interligava ao universal. A singularidade da cultura ou da sensibilidade nacional, de certa maneira, parecia se expressar não somente nas mazelas e idiossincrasias do homem letrado brasileiro, mas também naquilo que configuraria o humano, que permitiria pensar a relação do nacional com um patrimônio mais amplo da cultura universal, conformando uma espécie de "caldo cultural" que caracterizou boa parte da produção de natureza biográfica do período.

A Grécia Antiga na historiografia do século XXI

O projeto, de autoria do Prof. José Antônio Dabdab Trabulsi, propõe-se a realizar um estudo acerca da produção historiográfica referente à Grécia clássica no início do século XXI. O objetivo é identificar as tendências recentes da historiografia acerca da história grega antiga, com ênfase nos trabalhos sobre a época clássica e sobre a política.

A Inquisição em Angola (séculos XVI ao XVIII)

Projeto da Profa. Vanicleia Silva Santos, centra-se nos documentos relativos à ação da Inquisição na região do Congo e Angola nos séculos XVI ao XVIII, buscando: analisar o funcionamento da Inquisição Portuguesa na África por meio dos quadros eclesiásticos; identificar, através das denúncias, as práticas religiosas dos povos da África Central e suas formas particulares de adaptação ao cristianismo, dentro e fora da África; analisar o papel das comunidades judaicas nos enclaves portugueses do Atlântico africano; e discutir novas evidências sobre as experiências dos africanos processados pela Inquisição Portuguesa.

América Latina: intelectuais, política e cultura (séculos XIX e XX)

Projeto coletivo de pesquisa, dirigido pela Profa. Kátia Gerab Baggio e com a participação da Profa. Adriane Vidal Costa, além de pós-graduandos, objetiva analisar, na perspectiva da "nova história política", o papel dos intelectuais, viajantes, imprensa, revistas culturais e produção editorial no debate político-cultural latino-americano entre fins do século XIX e a virada do século XX para o século XXI.

A Modernidade Ibero-americana, seus Impérios e a Capitania de Minas Gerais (séculos XVII-XIX) - Espaços, Poder, Cultura e Sociedade

Grupo de pesquisa liderado por Júnia Ferreira Furtado (PPGH-UFMG) e Márcia Almada (EBA-UFMG), foi formado em 1997 e tem o intuito de reunir pesquisadores associados e orientandos de mestrado, doutorado e pós-doutorado, para o desenvolvimento de pesquisas articuladas sobre o período colonial. O objetivo inicial era aprofundar o conhecimento sobre a capitania de Minas Gerais no século XVIII em diversas dimensões, com ênfase na cultura, no poder e na sociedade. Entre 1997 e 2003, o grupo intitulou-se "Minas setecentistas: relações de poder, cultura e sociedade". Em 2004, com a ampliação do escopo dos interesses e pesquisas dos seus diversos integrantes, o grupo foi renomeado para "História de Minas e do Brasil: espaço, cultura e sociedade", passando a abarcar não apenas as Minas Gerais, mas também todo o espaço do Brasil colônia. O dinamismo das pesquisas encetadas pelo grupo, cujos interesses passaram a abarcar um espaço geográfico e cronológico muito mais amplo, incluindo Portugal, Espanha e América Latina, entre os séculos XVII-XIX, levou à nova denominação em 2011: "A Modernidade Ibero-americana e a Capitania de Minas Gerais (séculos XVII-XIX) - Espaços, Poder, Cultura e Sociedade". O grupo tem promovido vários seminários internacionais, visando socializar suas pesquisas e integrá-las com outros especialistas. Dentre os eventos realizados, destacam-se: "Religiosidade, o Tribunal do Santo Ofício e as Minas Setecentistas" (2010); "Cortes, Cidades, Memórias: trânsitos e transformações na Modernidade - X Seminário de Estudos Mineiros" (2007); "Formas, sons, cores e movimentos na modernidade atlântica: Europa, Américas e África" (2006); "Encontro Brasil-Portugal: sociedade, culturas, formas de governar no mundo português - séculos XVI-XVIII" (2005); e "Modernidade Atlântica: Europa, Américas e África" (2005). Os resultados desses colóquios têm sido publicados, principalmente pelo selo Annablume.

A Natureza na História de Mato Grosso: Memória, Identidade e Projeto

O projeto, do Prof. Ely Bergo de Carvalho, com a participação de graduandos, busca compreender as representações de natureza presentes nos livros de divulgação sobre história de Mato Grosso, publicados entre 1964 e 2009, articulando tais tentativas de construção de memória, encontradas nos livros, com os projetos e identidades em disputa.

Aproximações e afastamentos entre Ciência de Laboratório e Medicina na Escola de Medicina de Belo Horizonte, 1911-1949

Projeto coordenado pela Profa. Ana Carolina Vimieiro Gomes, conta com a participação das professoras Anny Jackeline Torres da Silveira, Betânia Gonçalves Figueiredo e Rita de Cássia Marques e, ainda, de pós-graduandos, tendo como tema geral a história das relações, de aproximação e afastamento, entre ciência e medicina. Trata do processo de acomodação de um modelo de cientificidade para as ciência biomédicas no Brasil baseado em pressupostos da física, da química e da mecânica, objetivando a análise dos fenômenos e das leis que regeriam os corpos. Tal modelo, com a introdução do laboratório na prática médica, acabou por reconfigurar as concepções de objetividade científica em campos de conhecimento como a fisiologia e a microbiologia, desde meados do século XIX. Ele também fez consolidar, ao longo do século XX, outros campos, como a biofísica, a bioquímica, a farmacologia. Evidências apontam que esse novo olhar da ciência sobre os corpos circulou no Brasil desde fins do século XIX e parece ter se consolidado ao longo do século XX. Dado o potencial investigativo dessa temática, o projeto sinaliza alguns caminhos de pesquisas em história das ciências biomédicas em Minas Gerais nas primeiras décadas do século XX. Inicialmente, propõe-se uma pesquisa sobre a Escola ou Faculdade de Medicina de Belo Horizonte (EMBH), desde sua criação, em 1911, até a sua inclusão na Universidade de Minas Gerais e federalização em 1949. Não se propõe uma história desta instituição, mas do papel do laboratório, nas propostas de formação médica, como elemento conformador de um ideal de cientificidade - balizadora (ou não) de práticas médicas - e de atividades científicas. Busca-se tratar tal temática à luz das recentes abordagens teórico-metodológicas dos Science Studies para os estudos históricos. Fundamentada no ponto de vista da história cultural e em diálogo com um debate recente sobre interações da ciência com a prática médica e sobre a história das ciências biomédicas no Brasil, a análise se centrará nos conhecimentos e práticas científicas, em específico as laboratoriais, como orientadores de um ideal de cientificidade para a prática médica naquela Escola.

Architectural Perspective: digital preservation content access and analytics

O projeto, uma parceria da UFMG com a Universidade Sapienza di Roma e Università Degli Studi de Firenze, coordenado pelo professor Magno Moraes Mello, iniciou-se em 2012 e propõe a realização de um repertório e a reunião de documentação sobre a perspectiva arquitetônica, em torno de cinco eixos : repertório, documentação digital, estudos interdisciplinares, reconstrução 3D, difusão e divulgação.

Arquiteturas comunicacionais do espaço urbano: usos e apropriações das cidades conectando espaços virtuais e tangíveis

Projeto coordenado pela Profa. Regina Helena Alves da Silva, envolve graduandos e pós-graduandos. Visa alargar o domínio sobre metodologias e linguagens, desenvolvendo novas habilidades de uso e produção tecnológica, cruzando-se os usos e apropriações das ruas da cidade com aqueles relativos aos ambientes digitais da Internet. Com isso, graduandos e pós-graduandos alargam o seu domínio sobre metodologias e linguagens, desenvolvendo novas habilidades de uso e produção tecnológica. Com isso, o projeto oferece novas proposições para se pensar o planejamento urbano e formas de participação cidadã.

Artífices e difusores de uma nova nação material: a Coleção Brasiliana e as bases da institucionalização burocrática no pós-1930

Projeto da Profa. Carla Maria Junho Anastasia, parte do suposto de que alguns títulos da Coleção Brasiliana da lavra de autores como Azevedo Amaral, Oliveira Viana, Alberto Torres, Nestor Duarte, Pandiá Calógeras, publicados sob o rótulo Política, conferem especial ênfase às cruciais articulações entre as ordens de ação política e administrativa, discussão indispensável para a consolidação do projeto político inaugurado no país no imediato pós-1930. Esses autores perceberam, ainda que não de forma monolítica, a institucionalização burocrática - a diferenciação do controle estatal - como um dos atributos fundamentais do Estado na sua função de promover o processo de modernização capitalista no Brasil.

As Artes de Curar na Província de Minas Gerais

Projeto do Prof. Bernardo Jefferson de Oliveira, volta-se para o estudo histórico sobre o papel que instâncias educacionais tiveram na difusão da cultura científica no Brasil. A pesquisa envolve o mapeamento de diferentes concepções de cultura científica subjacente a projetos de reformas e discursos educacionais e a análise das interações entre cultura escolar e cultura científica. Procura-se compreender a mediação de instâncias escolares na dinâmica de transformação e disseminação de valores, métodos, estilos discursivos e perspectivas científicas.

As belas mortes de Machado de Assis e Euclides da Cunha: os funerais de homens de letras entre fins do Império e Primeira República

Projeto de pesquisa do Prof. Douglas Attila Marcelino e que conta com o envolvimento de graduandos, volta-se para o estudo dos funerais de personagens de reconhecida notoriedade no período de fins do Império e Primeira República no Brasil. Nesse caso, pretende-se analisar, particularmente, os funerais de escritores, visando compreender a constituição de um novo regime ritual de consagração cívica e o significado dos homens de letras dentro da pedagogia dos grandes homens reforçada pelo ideário republicano. A pesquisa enfocará, principalmente, os funerais de Machado de Assis e Euclides da Cunha, por sua representatividade, embora aborde também as homenagens fúnebres a outros importantes letrados da época. Trata-se também de um primeiro passo para uma reflexão mais ampla sobre a relação entre as práticas cívicas de ritualização da morte que marcaram o período e as alterações na historiografia, tendo em vista as novas demandas relativas à temporalidade e as transformações na estrutura de poder e suas inter-relações com novas formas de afetividade e sensibilidade políticas. Tal reflexão permitirá problematizar, por exemplo, o uso de conceitos como cultura histórica, cultura política, entre outros vetores de análise da produção historiográfica do período.

Autoritarismos e sistemas repressivos

Projeto de responsabilidade do Prof. Rodrigo Patto Sá Motta, com o envolvimento de pós-graduandos, tem por objetivo fomentar pesquisas sobre o funcionamento dos aparatos repressivos estatais, tema fundamental para a história brasileira, assim como os sistemas de ideias e valores culturais que fomentaram tais práticas. Contempla também a possibilidade de estudos comparativos envolvendo outros países que viveram quadros semelhantes.

Cartografias Urbanas

Projeto coordenado pela Profa. Regina Helena Alves da Silva, envolve pesquisa, ensino e extensão e integra graduandos e pós-graduandos. Objetiva a construção de uma metodologia de apreensão e usos dos espaços urbanos a partir das novas tecnologias, alcançando com suas ações o ensino fundamental, as comunidades urbanas e, ademais, contribuindo para a ampliação da formação do professor de história.

Cinema e história: olhares sobre a cidade e o urbano

Projeto coletivo de extensão coordenado pela professora Regina Helena Alves da Silva e tendo como colaboradores os professores Luiz Haelle Duarte Arnaut e Luiz Carlos Villalta, articula os projetos "Cinema e História: Olhares sobre a Cidade e o Urbano", "O aluno pesquisador: registro e documentação da cidade" e "Cartografias Urbanas: Redes, Espaços e Fluxos Comunicativos". É desenvolvido em escolas localizadas na região metropolitana de Belo Horizonte, com o objetivo de enriquecer a formação dos futuros professores de História, integrando-os à realidade da cidade e das possibilidades de ensino abertas por diferentes abordagens pedagógicas, especialmente pelas Novas Tecnologias da Informação e Comunicação (NTIC's).

Concepções e Apropriações da História no Mundo Luso-Brasileiro (1768-1826): do ocaso do Antigo Regime aos primórdios do Estado Liberal

Este projeto, do Prof. Luiz Carlos Villalta, com o envolvimento de pós-graduandos e graduandos, é desdobramento de outro, desenvolvido desde 2011 e intitulado O debate e a contestação religiosa e política nas Luzes: Portugal no cenário europeu (1740-1821), cujos objetos são os letrados ilustrados lusitanos e suas perspectivas a respeito da religião e da política, os debates que travaram e a contestação que alguns deles fizeram da ordem estabelecida na passagem do século XVIII para o século XIX. Centra-se nas concepções de história e nas apropriações do passado realizadas no momento da crise do Antigo Regime em Portugal e no Brasil e nos anos imediatamente posteriores, quando se delinearam as linhas gerais e/ou embates para a instituição de uma nova ordem política liberal e constitucional. Assim, as balizas temporais se estendem de 1768, ano em que se criou a Real Mesa Censória em Portugal, até 1826, quando se deu a morte de D. João VI, a abdicação de D. Pedro ao trono português e a outorga de uma nova Constituição a Portugal. O ano de 1768 corresponde a um marco das medidas reformistas pombalinas no âmbito da cultura literária, suprimindo-se o sistema da tríplice censura e anunciando-se uma nova leitura da história, que se dizia oposta ao passado de "atraso" e de domínio jesuítico. Já 1826 marcou o fim do último reinado português do Antigo Regime e a legitimação da emancipação da ex-colônia, abrindo uma fase conturbada na ex-metrópole, de luta entre liberais e absolutistas, que só se encerrou com a vitória de D. Pedro em 1834. Assim, todos esses fatos - ainda que a abdicação de D. Pedro ao trono português não tenha cessado de todo os temores de uma unificação das coroas do Brasil e de Portugal -, do ponto de vista simbólico, anunciavam, dos dois lados do Atlântico, novas perspectivas de devir e, portanto, sobre a história.

Culturas políticas na História

Projeto coletivo coordenado pelo Prof. Rodrigo Patto Sá Motta e com o envolvimento de pós-graduandos, reúne pesquisas que aplicam o conceito de cultura política à análise de determinados fenômenos políticos em dimensão histórica.

Das práticas curativas e daqueles que as praticavam no interior das instituições hospitalares existentes na Província de Minas Gerais no período o Império

Os hospitais estão presentes na sociedade brasileira desde o primeiro século da colonização. A assistência então praticada seguia o modelo de assistência caritativa surgida em Portugal em fins do século XV, transposto mais tarde aos seus domínios coloniais. Em Minas, essas instituições foram instaladas no século XVIII, quando então foram criados três estabelecimentos em importantes centros urbanos da sociedade colonial: Ouro Preto, São João Del Rei e Diamantina. São também desse período dois hospitais militares: dos Dragões do Governo de Minas Gerais, em Ouro Preto, e do Contrato Diamantino, no Serro. No decorrer do século XIX, haverá a criação de vários outros estabelecimentos caritativos, especialmente após a segunda metade do século. Este projeto de pesquisa, coordenado pela Profa. Anny Jackeline Torres da Silveira e que conta com a participação das professoras Ana Carolina Vimieiro Gomes, Betânia Gonçalves Figueiredo, Rita de Cássia Marques, todas do PPGH, e da Profa. Virginia Mascarenhas Nascimento Teixeira, além de pós-graduandos, objetiva examinar a organização e práticas de algumas das instituições hospitalares em funcionamento na província de Minas Gerais no decorrer do século XIX. Pretende-se elaborar um organograma, mapeando a estrutura de funcionários existentes no interior desses estabelecimentos, pontuando as competências relativas a cada um e, quando possível, observando as alterações nessa estrutura, especialmente a partir dos avanços registrados na medicina na segunda metade do século XIX. Pretende-se também levantar informações associadas às prescrições curativas indicadas aos doentes (remédios, procedimentos e dietas), relacionando-as às mudanças operadas tanto na prática como nas teorias médicas vigentes no período; identificar a presença ou não de outros saberes informando os procedimentos curativos que tinham lugar nesses estabelecimentos; identificar a circulação de saberes/teorias médicas em voga no século XIX e correlacionar esses saberes com a organização da assistência no interior dessas instituições.

Demografia Histórica: bancos de dados sobre batismos, óbitos, casamentos, testamentos e inventários na capitania de Minas Gerais e no Brasil

Trata-se de projetos vinculados ao Centro de Estudos Mineiros, órgão de pesquisa da FAFICH-UFMG (www.fafich.ufmg.br/cem), dirigido atualmente pelo Prof. José Newton Coelho Meneses. Tais projetos compreendem a organização e o uso de quatro bancos de dados. O Banco de Dados do Arquivo Eclesiástico da Paróquia de Nossa Senhora do Pilar de Ouro Preto, iniciado em 2001, é coordenado pela Profa. Adalgisa Arantes Campos. Em sua concepção global, o projeto acolhia três séries documentais: batismos, casamentos e óbitos. Seu acervo continuou à disposição de alunos e professores do Programa, bem como de interessados externos. Já o Banco de Dados do Acervo da Comarca do Rio das Velhas, coordenado pela Profa. Beatriz Ricardina Magalhães (aposentada), constitui-se de informações oriundas de inventários e testamentos pertencentes ao acervo da Casa Borba Gato/Museu do Ouro de Sabará. O projeto "O Mundo dos Escravos: Demografia e Família Escrava no Distrito Diamantino (1720-1853)" constitui-se no terceiro banco de dados, proveniente de registros paroquiais de batismos, óbitos e casamentos produzidos no Arraial do Tejuco e arredores. Finalmente, "População e Economia da Freguesia de São José do Rio das Mortes, 1720-1850, o quarto Banco de Dados, resulta de esforço interinstitucional empreendido por Douglas Cole Libby e Tarcísio R. Botelho, além de Afonso de Alencastro Graça Filho (UFSJ), Clotilde Paiva (CEDEPLAR-UFMG) e Zephyr Frank (Stanford University). Este banco de dados se integra a outros bancos, em outros países, como os do projeto "Ecclesiastical Sources and Historical Research on the African Diaspora in Brazil, Cuba, Colombia and the Spanish circum-Caribbean", coordenado por Jane Landers, da Vanderbilt University.

Dimensões culturais e políticas do exílio latino-americano

O projeto de pesquisa, liderado pela Profa. Adriane Vidal Costa, congrega pesquisadores, estudantes de graduação, pós-graduação e participantes externos que se dedicam a temas relacionados ao exílio latino-americano. O exílio sempre foi uma tradição na cultura latino-americana, afirmou certa vez o crítico uruguaio Ángel Rama. A história da América Latina tem sido, desde o século XIX, marcada pelo exílio, seja ele forçado ou voluntário, seja para países do Continente Americano ou para a Europa. Grandes figuras do século XIX ilustram essa tradição: Sarmiento, no Chile; Montalvo, na Colômbia e na França; José Martí, na América Central e EUA. No século XX, o século do exílio, continuaram a tradição Octavio Paz, Julio Cortázar, Pablo Neruda, Vargas Llosa, García Márquez, Ferreira Gullar, Guillermo Cabrera Infante e tantos outros. O exílio tem sido uma das mais importantes formas de expressão política na América Latina. A condição exílica é relevante nos estudos sócio-históricos e literários e é considerada como categoria de discussão a respeito das produções daqueles que estão, por diversas razões, fora de sua terra de origem. O propósito deste projeto de pesquisa é contribuir para a ampliação dos estudos sobre as dimensões culturais e políticas do exílio latino-americano nos séculos XIX e XX, investigando as ideias culturais e políticas que circulam em periódicos, narrativas literárias e biográficas criadas por intelectuais no exílio. Para tanto, analisar-se-ão as práticas políticas e as estratégias de intervenção intelectual motivadas pela condição exílica. As pesquisas produzidas pelos membros do projeto se ampliam sob aspectos temáticos, conceituais e de possibilidades historiográficas, explorando fontes de natureza variada (impressos, romances, biografias, petições, manifestos, correspondências) e buscando promover ampla discussão e divulgação de produção acadêmica. Promovem-se seminários, estimula-se a participação dos membros em congressos e busca-se a publicação de textos em livros e artigos em periódicos.

Dinâmicas de mestiçagens, trabalho compulsório e relações sociais no mundo ibero- americano, entre os séculos XVI e XVIII: esforço de comparação

Projeto de responsabilidade do Prof. Eduardo França Paiva, conta com a participação de graduandos e pós-graduandos. "Mestizo" (filho de espanhol e índia, mais tarde empregado generalizadamente a filhos de pais de diferentes "qualidades" ou "castas") foi termo empregado já nas primeiras décadas posteriores à chegada dos ibéricos nas terras "batizadas" como Novo Mundo. É possível, inclusive, que o termo ou tenha nascido nas Américas ou tenha sido empregado pela primeira vez para seres humanos no continente recém-conquistado. Alternando-se entre o incentivo e a condenação oficiais, a mistura biológica e cultural foi fenômeno social que encontrou campo fértil de norte a sul das Américas desde o fim do século XV. O crescimento vertiginoso da população de mestiços esteve associado às formas de trabalho compulsório empregadas nas áreas espanhola e portuguesa e acentuou-se ainda mais com a entrada no continente de milhões de negros africanos escravizados. O fato é que, desde então, houve preocupação das autoridades e, também, da população como um todo em entender, identificar, controlar, julgar e classificar tanto indivíduos e grupos "matrizes" - nativos (índios), europeus e negros africanos -, quanto os resultantes das misturas biológicas e culturais americanas, que neste projeto se denominam dinâmicas de mestiçagem. A documentação oficial produzida desde então, assim como a iconografia coeva, as crônicas de viajantes, religiosos, juristas, administrados e, também as escritas por índios e por mestiços, são todas fontes pródigas em descrever essas dinâmicas e seus agentes.

Entre a liberdade e a ordem: a ditadura nas representações visuais e verbais da grande imprensa (1969- 1979)

Projeto do Prof. Rodrigo Patto Sá Motta e que envolve alunos de graduação e pós-graduação, analisa as caricaturas/charges e os editoriais publicados pelos principais diários da grande imprensa nos anos entre 1969 e 1979 (O Estado de São Paulo, Folha de São Paulo, O Globo, Jornal do Brasil), para compreender os discursos e posicionamentos políticos dos jornais ao longo do período, com atenção para as mudanças ocorridas. A intenção é utilizar tais registros visuais e verbais para iluminar a compreensão das relações entre imprensa e ditadura, assim como os rumos do debate político naqueles anos. Para isso, o foco da pesquisa estará centrado em temas-chave que influenciaram o debate político e a produção de representações jornalísticas, que serão devidamente mapeados: repressão, violência, censura, projetos de modernização, luta armada, campanhas patrióticas, oposição institucional, eleições, vida cultural e política econômica.

Escravidão, mestiçagem, trânsito de culturas e globalização - séculos XV a XIX

Liderado pelo Prof. Eduardo França Paiva, o grupo foi criado em 2005 e congrega pesquisadores, estudantes de pós-graduação, de graduação e participantes externos que se dedicam a temas relacionados à história da escravidão moderna, no Brasil e no exterior, incluindo temas comparativos; à história das mestiçagens biológicas e culturais; à história dos trânsitos culturais e materiais entre as Américas, a África, a Ásia e a Europa, entre os séculos XV a XIX, em uma perspectiva de globalização que se tornava cada vez mais intensa e complexa; à história da presença de africanos e de seus descendentes no Mundo Moderno. Os estudos produzidos pelos membros do Grupo pretendem ser inovadores, reexaminando temas, períodos e interpretações, explorando novas possibilidades historiográficas e conceituais, explorando fontes as mais diversas, desde manuscritos e impressos, até a iconografia e a oralidade. Entre os produtos já contabilizados contam-se encontros e seminários, publicações, teses de doutorado e dissertações de mestrado, monografias de bacharelado e de especialização, apresentação de trabalhos em congressos nacionais e internacionais, participação em grupos de pesquisa nacionais e internacionais, participação em convênios e projetos internacionais. Entre os livros publicados devem ser citados PAIVA, E. F., IVO, Isnara Pereira. (orgs.) Escravidão, Mestiçagem e Histórias Comparadas. São Paulo: Annablume; Belo Horizonte: PPGH-UFMG, 2008; PAIVA, E. F., IVO, I. P. e MARTINS, Ilton Cesar. (orgs.) Escravidão, Mestiçagens, Populações e Identidades Culturais. São Paulo: Annablume; Belo Horizonte: PPGH-UFMG, 2010; PAIVA, E. F., AMANTINO, Marcia Sueli e IVO, I. P. (orgs.) Escravidão, mestiçagens, ambientes, paisagens e espaços. São Paulo: Annablume; Belo Horizonte: PPGH-UFMG, 2011; PAIVA, E. F. Dar nome ao novo: uma história lexical da Ibero-América, entre os séculos XVI e XVIII (as dinâmicas de mestiçagens e o mundo do trabalho). Belo Horizonte: Autêntica, 2015; PAIVA, E. F., FERNANDEZ CHAVES, Manuel F. e PÉREZ GARCÍA, Rafael M. (orgs.) De que estamos falando? Antigos conceitos e modernos anacronismos: escravidão e mestiçagens. Rio de Janeiro: Garamond, 2016; IVO, I. P., PAIVA, E. F. e AMANTINO, M. (orgs.) Religiões e religiosidades: escravidão, mestiçagens. Vitória da Conquista: Edições UESB; São Paulo: Intermeios, 2016; IVO, I. P. e PAIVA, E. F. (orgs.) Dinâmicas de mestiçagens no mundo moderno: sociedades, culturas e trabalho. Vitória da Conquista: Edições UESB, 2016.

Escravidão, tráfico e mestiçagens na Ibero-América, em perspectiva comparada

A partir de uma perspectiva comparada, o projeto, que integra o Convênio de Colaboração firmado entre a UFMG e a Universidad de Sevilla (2013-2018) e é coordenado pelos professores Eduardo França Paiva, Manuel F. Fernandez Chaves e Rafael M. Pérez García, revisita a longa e extensa história da escravidão, do tráfico e das mestiçagens na Ibero-América, assim como a enorme historiografia produzida sobre ela, considerando a necessidade de se proceder a uma revisão conceitual, metodológica e teórica sobre as temáticas. Afinal, de que efetivamente estamos falando quando nos referimos à escravidão moderna? O que isso significou e significa hoje? O que nos oculta esse "filtro" escravidão? O que foi, como foi e quando foi definido isso que chamamos de tráfico de escravos? A quem esse conceito inclui e a quem costuma excluir? Definitivamente, a história da escravidão e das mestiçagens deve ser estudada em perspectivas comparadas, sob pena de continuarmos entendendo esses processos a partir de pressupostos nacionalistas, que desde o século XIX vêm marcando nossa produção historiográfica. Ao contrário do que se pensou e do que se continua acreditando, a escravidão no âmbito mais geral e o tráfico, particularmente, foram expressões do que havia de mais mundializado entre os séculos XV e XVIII, isto é, o comércio, entendido de maneira mais ampliada - o que significou, para além das trocas econômicas, os deslocamentos de gentes, culturas, flora e fauna -, desenvolvido entre as quatro partes do mundo. A partir das conquistas ibéricas no Novo Mundo, a escravidão adquiriu um caráter ainda mais complexo, uma vez que os naturais das terras conquistadas foram submetidos a essa forma de trabalho forçado, logo sendo substituídos por escravos africanos ou compartilhando o cativeiro com esses últimos, além dos crioulos e dos mestiços. É sobre esse mundo ibero-americano, no qual a escravidão e as mestiçagens biológicas e culturais se associam desde muito cedo, que se detém o projeto. Já o plano temporal se estende desde os primeiros anos posteriores à chegada dos ibéricos no Novo Mundo até o século XIX, quando foram extintos os últimos regimes escravistas americanos. Já foram realizados encontros entre pesquisadores membros do Convênio e convidados em Sevilha, Barcelona e Belo Horizonte, originando-se deste último, o livro PAIVA, E. F., FERNANDEZ CHAVES, Manuel F. e PÉREZ GARCÍA, Rafael M. (orgs.) De que estamos falando? Antigos conceitos e modernos anacronismos: escravidão e mestiçagens. Rio de Janeiro: Garamond, 2016.

Família e demografia em Minas Gerais, séculos XVIII, XIX e XX

Coordenado pelo Prof. Douglas Cole Libby, com a participação de outros docentes e pós-graduandos do PPGH-UFMG, o projeto pretende investigar as organizações familiares associadas a regimes demográficos que vigoraram em Minas Gerais desde o século XVIII até meados do século XX. Tal objetivo geral assenta-se em dois pressupostos básicos: a) do ponto de vista cronológico, propõe-se uma periodização que se estende do início do povoamento na virada para o século XVIII até 1850 (um período colonial alargado) e outra, a partir desse momento, subdividido em dois subperíodos: 1850 a 1888 (crise e superação do escravismo brasileiro) e 1888 a 1940 (construção do Brasil moderno com base no trabalho livre); b) do ponto de vista dos fatores determinantes desses regimes demográficos, sobressaem-se os aspectos ligados aos estratos sociais, ao espaço e aos padrões econômicos neles assentados. A estratégia de pesquisa se concentrará no levantamento: a) dos registros paroquiais de batismos, casamentos e óbitos de diversas paróquias mineiras, representativas da diversidade de regimes demográficos; b) das informações contidas em levantamentos de caráter censitário e nominativo disponíveis para essas localidades mineiras; c) dos dados de inventários e testamentos já recolhidos pelos pesquisadores envolvidos no projeto. Do ponto de vista formal, pretende-se que esses resultados se apresentem: a) na forma de estudos monográficos das localidades selecionadas, o que permitirá que se vislumbre o entrecruzamento desses regimes demográficos em um espaço geográfico específico, considerando-se as variações de atividade econômica e de posição social dos agentes; e b) através de estudos comparativos que considerem o espaço geográfico como a variável a ser testada na compreensão dos regimes demográficos observáveis para determinadas atividades econômicas e posições sociais. Os resultados parciais serão sempre comparados com outras pesquisas já realizadas ou em andamento para outras regiões brasileiras e para a Europa, sobretudo Portugal.

História, cultura e sociedade nas Minas Gerais

Projeto coordenado pela Profa. Adriana Romeiro, conta com a participação de um membro externo, o Prof. Andrea Piazzaroli Longobardi e de pós-graduandos. Visa a uma reflexão teórica e metodológica sobre a articulação dos campos da cultura e sociedade no âmbito da História, agregando investigações que elaboram esta temática a partir de objetos de pesquisa diferentes, como as artes plásticas, a música, as ordens religiosas e as formas de institucionalização política.

História Cultural da Ciência nos séculos XIX e XX

O projeto, coordenado pelo Prof. Bernardo Jefferson de Oliveira, corresponde a um dos eixos da Linha de Pesquisa Ciência e Cultura na História. A partir de uma perspectiva cultural, as pesquisas da linha buscam investigar diversos aspectos relacionados à produção e difusão do conhecimento científico. As diretrizes da Linha localizam-se na investigação das redes de comunicação estabelecidas nos vários movimentos de estruturação e organização do conhecimento, no sentido de se estabelecer ou não uma comunidade acadêmica. Participam do projeto os professores Anny Jackeline Torres da Silveira, Betânia Gonçalves Figueiredo e Mauro Lúcio Leitão Condé, do PPGH-UFMG, e Catarina Capella Silva, membro externo, além de pós-graduandos.

História dos conceitos e teoria política e social

Grupo de Pesquisa liderado pela Profa. Heloísa Maria Murgel Starling, reúne pesquisadores nas áreas de Ciências Sociais e História para discutir as relações entre a história dos conceitos e das ideias políticas e sociais e a elaboração teórica das disciplinas inscritas no âmbito das ciências humanas. Entre as suas finalidades, está a de propiciar um espaço para o desenvolvimento e o aprimoramento de metodologias de pesquisa nos campos da teoria e da história do pensamento político e social, promovendo a troca de experiências, de conhecimentos e de referências bibliográficas entre pesquisadores de várias instituições no Brasil e exterior. Além de auxiliar a produção de dissertações de mestrado e teses de doutorado, a atividade acadêmica do grupo se estende à promoção de eventos, seminários e palestras e à colaboração de seus membros na produção de artigos e textos acadêmicos. Por fim, importam ao grupo a produção e organização de material de referência para a pesquisa, tais como uma coleção de textos básicos de teoria e metodologia da história dos conceitos, um banco de dados bibliográficos e artigos de referência.

História e linguagens: estudo das relações entre representações culturais e práticas políticas

O projeto, coordenado pelo Prof. João Pinto Furtado e com o envolvimento de pós-graduandos, vem abrigando e subsidiando diferentes subprojetos e visa investigar, no Brasil pós-1964, as relações estabelecidas entre a produção cultural e sua apropriação pelos agentes sociais. No ambiente de reduzida liberdade de expressão política e rígido controle parlamentar e institucional que se sucedeu ao golpe militar, a cultura passou a ser o "lócus" privilegiado da Política. O fenômeno é relativamente inovador e original em virtude da concomitante e inédita expansão dos "mass media" no Brasil no mesmo período e, segundo a hipótese central do projeto, pode ser melhor compreendido através do exame dos diferentes registros remanescentes em seus aspectos temáticos e de linguagem, sempre sob o controle de uma metodologia propriamente histórico-historiográfica.

História e natureza

Coordenado pela Profa. Regina Horta Duarte e com a participação de pós-graduandos, o projeto propõe o estudo e pesquisa de questões ambientais urbanas sob uma perspectiva histórica, considerando a relação entre os homens e natureza ao longo do tempo, problematizando os limites entre o natural e o artificial. Torna-se possível ver a marca humana no que antes era considerado pura e originalmente natural, assim com a natureza que reside nos objetos, construções e paisagens artificialmente criadas.

Historiografia da Ciência no século XX

Projeto de pesquisa de responsabilidade do Prof. Mauro Lúcio Leitão Condé e com a participação de pós-graduandos, tem como objetivo central analisar a historiografia da ciência produzida ao longo do século XX. Em especial, procura-se compreender como partimos de uma historiografia positivista que entendia a história como uma mera descrição de fatos para uma perspectiva que assume que a história de um conhecimento interfere no resultado final desse conhecimento, isto é, que a ciência, mais que uma história, possui uma historicidade. Entretanto, ainda que a ciência, ao ser feita em um espaço e tempo específico, não possa sair de sua própria história também não podemos ignorar as manifestações da natureza. Com efeito, se, por um lado, temos a concepção de que toda a nossa visão é necessariamente condicionada historicamente, por outro, não podemos ignorar o comportamento da natureza. Isso nos leva a alguns questionamentos: ainda que presos em nossa historicidade, seria possível ter uma compreensão da natureza? Em outras palavras, é possível perceber aquilo que a natureza é, nela mesma, ainda que a partir de uma perspectiva histórica? Ora, se eu posso perceber apenas a partir de uma perspectiva histórica, posso saber efetivamente o que a natureza é? Tendo essas questões como pano de fundo, o projeto analisa os autores mais influentes da historiografia da ciência ao longo do século XX (Kuhn, Koyré, Zilsel, Fleck etc.) com o objetivo de compreender importantes aspectos teóricos e metodológicos da escrita da história da ciência.

Laboratório de Estudos Africanos e História do Atlântico Negro

Criado em 2012, este Grupo de Pesquisa é liderado pela Profa. Vanicléia Silva Santos e volta-se para o estudo da África negra e das relações com ela estabelecidas através do Atlântico. Sua proposta é congregar pesquisadores (professores e alunos, brasileiros e estrangeiros) interessados em realizar investigações sobre História da África e suas conexões Atlânticas. Os principais temas que nortearão as pesquisas são: a Inquisição em Angola, os estudos sobre a África e suas relações Atlânticas, a formação de comunidades atlânticas, as trocas culturais entre africanos e portugueses na parte Oriental do continente, a história intelectual diplomática da África e o debate em torno das fontes. Os objetivos principais do Laboratório são: 1) Promover a colaboração com outras instituições e grupos de pesquisa e temáticas afins; 2) Proporcionar aos alunos de graduação e de pós-graduação um espaço de interlocução acadêmica em torno dos estudos africanos; 3) Organizar atividades estabelecidas nas seguintes categorias: a) Seminários de Pesquisa voltados para a apresentação e discussão de pesquisas inéditas de professores e alunos; b) Jornadas de Estudos dedicadas a temas anuais ou bienais importantes para o aperfeiçoamento técnico e acadêmico do grupo; c) Seminário Multidisciplinar anual destinado a fomentar a discussão em torno de tema comum entre alunos de Iniciação Científica, Mestrado e Doutorado de diferentes áreas das Ciências Humanas; d) Conferências e debates gerais; e) Cursos assistidos: cursos de pós-graduação no PPGH ministrados por um dos docentes habilitados, contando com a assistência dos demais docentes do grupo, com o objetivo de fomentar e aprofundar os debates em sala de aula; f) Curso de Pós-graduação Lato Senso em História da África, voltado para os professores da Educação Básica; e g) Um site com recursos didáticos para professores. h) Reuniões quinzenais com grupo de estudos (alunos e professores) para discussão de bibliografia relativa aos conceitos, metodologias, teorias e historiografia; 4) Desenvolvimento de projeto de pesquisa comum; e 5) Incentivo à publicação dos trabalhos realizados.

La figura del gorila en el imaginario político de la izquierda brasileña

Coordenada pela Profa. Miriam Hermeto de Sá Motta, a pesquisa tem como objetivo registrar e construir elementos para a análise da trajetória política e artística do diretor teatral João das Neves (Rio de Janeiro, 1935), cuja história pessoal se entrelaça com a história do teatro engajado no Brasil na segunda metade do século XX. A proposta é desenvolvida no âmbito das atividades do Núcleo de História Oral da FAFICH/UFMG, em parceria com a pesquisadora Natália Cristina Batista, e consiste na produção de uma história de vida com o referido dramaturgo.

Metodologias de conexões em rede: arquiteturas comunicacionais reticulares on-line e off-line

Projeto de pesquisa que reúne graduandos e pós-graduandos em História e de outras áreas, conecta os usos da Internet a manifestações políticas e culturais presenciais. Conta com a parceria estreita de professores e alunos do grupo de pesquisa Opinião Pública, Marketing Político e Comportamento Eleitoral, do Programa de Pós-Graduação em Ciência Política da UFMG. Seu fundamento é a discussão do que chamamos de Arquiteturas Comunicacionais do Espaço Público, paradigma que permite pensar a Internet como uma plataforma para a percepção da cidade e, também, para a criação participativa de novas interpretações e apropriações do espaço urbano. Para tanto, analisam-se as políticas urbanas e culturais implementadas nos centros urbanos de cidades brasileiras e portuguesas, especialmente as que se referem aos centros históricos urbanos. No entanto, a cidade já não é mais só e nem principalmente arquitetura. Não podemos mais entender a cidade contemporânea sem a tecnologia e as práticas e a cultura digital que ela gera. A integração da tecnologia nos espaços urbanos nos coloca dois desafios: o desenvolvimento de ferramentas de visualização de dados digitais dos espaços urbanos de forma a permitir, aos gestores e cidadãos, apropriar-se da informação para explorarem a cidade e tomarem decisões sobre ela; e a recuperação de um velho debate sobre um conceito bastante manipulado que é o de participação cidadã. Com base nisso e nas questões apontadas por outro projeto, ligado ao Instituto Nacional de Ciência e Tecnologia para a Web InWeb, que discute a constituição de Observatórios Temáticos da Web, pretende-se ampliar as possibilidades a partir da conexão dos resultados de pesquisa com os planos de intervenção urbana e seus sites participativos, com a potencialidade de análise conjunta com a mineração de dados nas redes sociais.

Modelos pedagógicos, formação docente e práticas escolares: o ensino da Educação Física em Belo Horizonte (1947-1977)

Projeto de pesquisa da Profa. Ana Carolina Vimieiro Gomes, tem como tema central os modelos pedagógicos, a formação docente e as práticas escolares no ensino da Educação Física em Belo Horizonte, de 1947 a 1977. Trata-se de uma Linha de Pesquisa em processo de consolidação no Centro de Memória da Educação Física do Esporte e do Lazer (CEMEF), da UFMG, em articulação com a Linha de Pesquisa em História da Educação, do Programa de Pós-Graduação em Educação, Conhecimento e Inclusão Social, da Faculdade de Educação, da mesma Universidade. Cabe ressaltar o papel do GEPHE (Grupo de Estudos e Pesquisas em História da Educação), lugar institucional e acadêmico de intercessão entre o CEMEF e a Pós-Graduação, promotor de desafios à pesquisa histórica e à produção historiográfica aqui proposta. No CEMEF e no GEPHE, a temática da escolarização da Educação Física constitui assunto de relevo e objeto a merecer diferentes abordagens e recortes temporais e espaciais. Com o propósito de articular as práticas escolares de Educação Física aos processos de formação docente, o projeto tem por intuito aprofundar investigações sobre os modelos pedagógicos em circulação. Isso implica enfrentar o debate em torno das noções de "escolarização", "forma" e "modelo escolar", como operadores para uma historiografia dos costumes que são constituídos pela/para a escola, no encontro com o mundo "moderno". Atenta-se também para a compreensão de que as prescrições pedagógicas e seus usos têm profunda relação - sendo até mesmo balizados - por distintas concepções de ciência. Busca-se, deste modo, contribuir com uma historiografia da Educação e da Educação Física reveladora da relação próxima entre a ciência (sobretudo, a medicina higiênica) e as prescrições para a educação do corpo, dentro e fora de espaços educacionais.

Mulheres desregradas: narrativas de crimes femininos dos dois lados do Canal da Mancha (França e Inglaterra, séculos XVI e XVII)

Este projeto de pesquisa da Profa. Silvia Regina Liebel dedica-se à cultura impressa na França e Inglaterra da Primeira Modernidade a partir do estudo da literatura de rua que compreende canards, de um lado, e baladas e chapbooks, de outro. Material barato e de rápida circulação dos impressores, ofertados por vendedores ambulantes, esses textos eram essenciais para a difusão de notícias (reais ou imaginárias) no contexto enfocado, tanto expressando elementos do imaginário de então, como contribuindo para sua formação. Na conjunção entre a História do Impresso e a História Cultural, objetiva-se com este estudo analisar os elementos de uma cultura material do impresso com o compartilhamento de técnicas, circularidade de motivos e intertextualidade com outras formas narrativas, além da construção das masculinidades e feminilidades nessa literatura. Ao investigar o universo criminal, atenta-se para as representações femininas em duas sociedades que enfatizam diferentes preocupações sem, contudo, perder um ponto em comum: a necessidade de controle da mulher desordeira. Destinada ao público amplo, a literatura de rua contribui para o disciplinamento do corpo social ainda que frequentemente de forma sub-reptícia, com relatos que reproduzem estruturas sexuadas da sociedade há muito enraizadas. O estudo insere-se, dessa forma, no quadro maior de crescente afirmação da ordem imposta pelos Estados modernos.

Observatório da Web - Instituto Nacional De Ciência e Tecnologia para a Web-Inweb

Projeto de pesquisa coordenado pela Profa. Regina Helena Alves da Silva, envolve profissionais de várias áreas, inclusive pós-graduandos em História, visando desenvolver formas de acompanhamento e análises de processos políticos (por exemplo, eleições), culturais (como os relativos às práticas que têm repercussões para a disseminação de doenças como a dengue) e político-institucionais (como as políticas municipais que implicam estigmatização de determinados atores sociais). Os profissionais da área de História desenvolvem as metodologias de pesquisa em redes sociais on line. Um dos resultados do desenvolvimento do projeto foi um mapeamento virtual das redes de mensagens que, partindo de sites e blogs da mídia, de direita ao centro-direita, repercutiram nos processos eleitorais de 2014. O INCT para Web é uma rede integrada de pesquisadores de quatro instituições, coordenada pelo prof. Virgilio Almeida, do Departamento de Ciência da Computação da UFMG. A Web é o maior sistema de informação e comunicação já construído e interfere de forma significativa nas atividades humanas. O INCT Web foi criado para projetar e desenvolver sistemas, tecnologias e aplicações que permitam explorar as possibilidades de uso da Web no futuro de forma benéfica para a sociedade. O INCT Web visa estudar e entender os fundamentos científicos e tecnológicos da Web, bem como suas repercussões sociais, para propor e desenvolver sistemas e tecnologias que poderão compor a Web do futuro. O INCT para Web envolve pesquisadores e alunos da UFMG, CEFET-MG, UFAM e UFRGS.

O debate e a contestação religiosa e política nas Luzes: Portugal no cenário europeu (1740-1821)

De autoria do Prof. Luiz Carlos Villalta e com a participação de graduandos e pós-graduandos, o projeto tem com objeto os letrados ilustrados lusitanos e suas perspectivas a respeito da religião e da política, os debates que travaram e a contestação que alguns deles faziam da ordem estabelecida na passagem do século XVIII para o século XIX. Seu propósito é demarcar os pontos de convergência e as diferenciações que separavam os ilustrados moderados dos ilustrados radicais, bem como os letrados das gentes em geral. Para tanto, entende-se ser necessário estabelecer uma genealogia das ideias, debates e contestações em que estavam envolvidos os letrados lusitanos, fazendo-se os necessários recuos temporais. Assim, voltando para um tempo anterior, quer-se acompanhar, por um lado, obras e trajetórias intelectuais da primeira metade do século XVIII e, se necessário, fazer-se referência à cultura portuguesa em momentos ainda mais recuados. Por outro lado, almeja-se situar Portugal no cenário europeu, buscando-se as origens e pontos de convergência existentes entre as Luzes lusitanas e o movimento ilustrado em outros espaços da Europa. Em que o conteúdo e as formas de expressão das Luzes portuguesas se assemelharam e se distanciaram em comparação com o cenário cultural mais amplo da ilustração europeia? Mais precisamente, que laços vinculavam letrados lusitanos com pensadores europeus de importância no movimento ilustrado? Entre Portugal e outros espaços da Europa ocidental, teriam existido similitudes nas formas de estruturar o pensamento, nos veículos, nos espaços de difusão das ideias ilustradas e no público por elas atingido? Essas questões norteiam o projeto, que procurará respondê-las concentrando-se especificamente nos campos da política e da religião, fazendo-se, apenas quando for necessário, prospecções nos domínios da reflexão estritamente científica.

Oficina de Paleografia

Coordenado por um grupo de alunos(as) da graduação em História e do Programa de Pós-Graduação em História da UFMG, o projeto funciona desde abril de 2012. Promove encontros semanais às segundas-feiras, tendo como principal objetivo reunir subsídios e promover treinamento na leitura de fontes manuscritas pertinentes à história luso-brasileira. Conta, em geral, com um número de participantes que varia entre 20 e 30 por encontro, provenientes de diversos cursos da universidade e do público externo. Desde o início das atividades, foram realizados mais de 70 encontros semanais, dois seminários e quatro aulas inaugurais. O coroamento dos trabalhos do Grupo deu-se com o livro Cadernos de Paleografia: Número 1 (1ª edição, Belo Horizonte: Imprensa Oficial de Minas Gerais: 2014, 264p, ISBN: 9788568687000), organizado pelos pós-graduandos Douglas Lima de Jesus, Fabiana Léo Pereira do Nascimento, Gislaine Gonçalves, Igor Tadeu Camilo Rocha, Leandro Gonçalves de Rezende, Rodrigo Paulinelli e Luiza Parreira, e pelos então graduandos Mateus Frizzone, Mateus Rezende, Gabriel Afonso Vieira Chagas, Ludmila Torres e Maria Clara Caldas Soares Ferreira. Este livro contém fac-símiles de documentos, transcrições e artigos de convidados.

O Lugar dos Periódicos nas Trocas Transatlânticas: A " Revue des Deux Mondes " e sua trajetória no circuito França/Brasil/França

Inserido no Projeto Integrado de Cooperação Internacional " A circulação transatlântica dos impressos- a globalização da cultura no século XIX ", o projeto pretende investigar a trajetória da " Revue de Deux Mondes " no Brasil. Presente no país desde a segunda metade do século XIX, e ainda bastante presente até os anos 1930-1940, a Revue será examinada através de sua influência nas correntes do pensamento histórico e político brasileiros, seu modelo de sociabilidade intelectual, a recepção das evoluções de sua filosofia editorial, sua circulação, seus leitores, seus assinantes, sua repercussão na forma de citações e invocações pelos homens de letras do Brasil. O pressuposto do projeto é que a " Revue de Deux Mondes " foi uma referência fundamental para a formação de uma cultura histórica no Brasil não só na segunda metade século XIX, mas também nas primeiras décadas do século XX, onde continuou a repercutir.

Ordens religiosas mendicantes e organização político-social na Idade Média (séculos XIII-XV)

Grupo de pesquisa coordenado pelo Prof. André Luís Pereira Miatello, envolvendo alunos de graduação e pós-graduação, tem como proposta o estudo dos tratados políticos e obras correlatas redigidos pelos frades Mendicantes e que estiveram relacionados com a definição de um projeto ideal de sociedade política passível de ser implementado nas coroas de França e Aragão. Estes reinos apresentavam-se fortemente amparados pelo ideário político desenvolvido pelos frades Mendicantes, sobretudo os frades Menores (franciscanos) que ajudaram a construir uma identidade comunitária dos territórios que foram governados pelos reis de Catalunha-Aragão e França. A documentação a ser estudada permite que se avaliem de perto as dimensões, as fases, os objetivos e os êxitos da presença dos religiosos Mendicantes nas cortes e nas demais comunidades políticas ligadas aos reinos de Aragão e França. Esses religiosos constituíam uma presença política de primeira grandeza, representando uma elite intelectual preparada, cultural e tecnicamente, para fornecer os modelos de dominação e as práticas de governo e instruir a elite (laica) governante com os instrumentos teóricos desenvolvidos nos centros universitários mais destacados do período. Na consecução desses objetivos, os próprios monarcas financiavam as iniciativas acadêmicas dos ditos frades, inclusive subsidiando as escolas dirigidas por eles nas cidades e demais agrupamentos urbanos dos reinos em questão. A comparação do caso italiano, fortemente documentado, com o caso aragonês-catalão e francês, será decisiva na avaliação mais ampla da ingerência religiosa mendicante no campo da política.

O Retorno como Missão: os padres mulatos Vicente Ferreira Pires e Cipriano Pires Sardinha e a viagem de África em o Reino de Daomé

O projeto, da Profa. Junia Ferreira Furtado, visa realizar uma pesquisa sobre a viagem à África do padre Cipriano Pires Sardinha, que, juntamente com o padre Vicente Ferreira Pires, foi enviado em missão de conversão ao Daomé. O ponto de partida é o relato manuscrito resultante da viagem, intitulado Viagem de África em o Reino de Daomé, de 1800, cuja autoria é reclamada pelo padre Vicente Ferreira Pires A partir desse caso, pretende-se discutir as formas de ascensão e mobilidade dos descendentes mestiços de escravos africanos no império luso- brasileiro e as relações paradoxais que se estabelecem entre eles e sua herança africana e portuguesa. A partir do relato que foi escrito durante a missão, cuja autoria será discutida, busca-se entender também de que maneira o mundo africano é apresentado ao leitor e de que forma essa visão é resultante das formas contraditórias que esses mulatos estabeleceram com sua ascendência africana.

Os Quintais das Minas Gerais (séculos XVIII e XIX)

De responsabilidade do Prof. José Newton Coelho Meneses, o projeto envolve pós-graduandos, tendo por objeto os quintais, formação espacial importante na configuração das vilas e cidades do espaço histórico das Minas Gerais setecentistas e do início do século XIX. De forma sintética, quintais são pequenas quintas - como os definem os dicionários - que se constroem anexos às casas urbanas e rurais e se prestam, ao primeiro olhar, para suprir as demandas alimentares do domicílio e da vizinhança. Lugares de relações humanas identitárias, são espaços construídos na interseção entre o domicílio, a intimidade privada da família e a sociabilidade de vizinhança e de relações com o arruamento e o mundo público. Em contraponto comparativo, o quintal rural, anexo evidenciado e importante das sedes das fazendas, será investigado na perspectiva de oferecer evidências das fronteiras entre urbano e rural nesse tempo histórico. A proposta é, portanto, a problematização de um espaço, evidenciado em documentos históricos como Inventários post mortem, documentação cartorária, relatos de viajantes e contemporâneos e documentação das Câmaras. Por outro lado, busca-se, ainda, uma construção conceitual, ou seja, de explicação lógica e sistematizada sobre um lugar específico e das evidências materiais de uma tradição que configura importante característica da história de Minas Gerais e do Brasil. Como problema de pesquisa histórica, os quintais serão investigados sob a perspectiva da materialidade da cultura que se constrói nas relações do homem com o mundo natural, na edificação de valores sociais ligados aos espaços da vida, identificando e caracterizando essa sociedade e constituindo patrimônios caros à cultura dos grupos humanos.

Perspectiva Pictorum: as arquiteturas ilusórias nos tetos pintados no Mundo Português entre os séculos XVII e XVIII

Coordenado pelo Prof. Magno Moraes Mello, este projeto de pesquisa se concentra no campo da História Moderna, voltando-se especificamente para a área da História da Arte, dando especial atenção para as investigações relativas à produção pictórica entre o Renascimento e o Tardo Barroco na Europa e no Brasil. Concentra esforços em estudar a representação da arquitetura picta aplicada a grandes decorações, como, por exemplo, em tetos ou em paredes. No âmbito da historiografia da arte luso-brasileira, este tema não tem sido alvo de estudos específicos, pois estudam-se a arquitetura real e a pintura dita figurativa sob o ponto de vista iconográfico ou documental. Diferentemente, este projeto, envolvendo um campo vasto e rico, se preocupa com a pintura que cria espaços arquitetônicos fictícios e, ademais, visa estabelecer um paralelo entre a história da arte e a história da ciência, binômio pouco analisado por parte dos historiadores em geral. Procura-se analisar a decoração pictórica de formas reais de arquitetura, denominada por quadratura, privilegiando o poder de sedução da imagem e sua capacidade de invadir o espaço do fruidor. Para além da específica preocupação com a própria pintura, o enfoque da relação entre espaço real e espaço falsamente construído justifica-se para um melhor entendimento de toda a componente artística do tempo do barroco no Mundo Português. A pintura ilusionista constitui modalidade essencial na criação de ricos interiores, numa espécie de contaminação formal em que Pintura e Arquitetura se interpenetram e simulam reciprocamente, em audaciosos efeitos cenográficos. Essa fase da pintura do século XVIII, no Brasil, cria um novo capítulo na historiografia de arte e abre uma vertente no estudo da pintura setecentista cujo propósito é analisar sua relação com a tratadística contemporânea. Além disso, esta pesquisa privilegia a difusão do conhecimento teórico da perspectiva, examinando a relação entre teoria e prática.

População e economia de uma freguesia escravista: São José do Rio das Mortes, 1720-1850

Coordenado pelo Prof. Douglas Cole Libby e contando com a participação dos professores Tarcísio Rodrigues Botelho (PPGH) e Clotilde de Andrade Paiva (Cedeplar) e de discente de graduação, o projeto tem como objetivo analisar a dinâmica demográfica, econômica e social da antiga freguesia de São José do Rio das Mortes, desde as primeiras décadas da ocupação da região até a Abolição da escravidão no Brasil. Pretende-se desvendar, através do cruzamento de dados provenientes de múltiplas fontes primárias (listas nominativas eclesiásticas e civis, inventários post-mortem, testamentos, cartas de sesmaria, registros cartorários, tais como cartas de alforria, e de outras transações comerciais, registros paroquiais, documentação oficial do Arquivo Público Mineiro, do Arquivo Histórico Ultramarino e do Senado da Câmara da Vila de São José), vários aspectos da vida produtiva num período que engloba o auge da mineração, a chamada transição para atividades agro-pastoris e a consolidação da região como um celeiro do abastecimento do Sudeste brasileiro no oitocentos.

Redes sociais e migração no espaço urbano de Belo Horizonte, 1897-1920

Projeto de pesquisa coordenado pelo Prof. Tarcisio Rodrigues Botelho, com a participação de pós-graduandos, tem por objetivo abordar o processo de formação da sociedade belorizontina nas suas três primeiras décadas de existência, utilizando-se a Análise de Redes Sociais para compreender as relações sociais constituídas entre indivíduos que, em princípios, eram todos migrantes recém-estabelecidos na nova cidade. A expectativa é que a Análise de Redes Sociais permita perceber aspectos estruturais desse processo sem perder de vista a agência dos atores envolvidos. Para tanto, o foco será direcionado para as relações de compadrio geradas pelo batismo católico e para o parentesco por afinidade gerado pelo casamento, observando ainda os padrões espaciais desses eventos. O casamento e o parentesco por afinidade foram eleitos para a análise porque são relações sociais surgidas a partir das escolhas conscientes dos indivíduos. Embora na população de Belo Horizonte houvesse um contingente de cristãos de outras denominações religiosas e já houvesse indivíduos de outras religiões (judeus, sobretudo), parte-se do fato de que a grande maioria da população da cidade era constituída de católicos. Além disso, a inviabilidade de ter acesso aos registros civis impossibilita, ao menos no momento, a abordagem desses outros contingentes populacionais.

Re-encontrar o Público nas praças da cidade: novas formas de apropriação no espaço urbano em transformação na Belo Horizonte do século XXI

Projeto de pesquisa coordenado pela Profa. Regina Helena Alves da Silva, congrega alunos de graduação e pós-graduação em História e de várias áreas, tendo como objeto as praças de Belo Horizonte. Historicamente, a praça, a rua e a cidade como um todo têm desempenhado papéis decisivos nas mudanças processadas na sociedade. Setha M Low, em seu estudo sobre o design e a significação das praças nas cidades latino-americanas, destaca a importância delas como lócus privilegiado da produção de sentidos sobre e na cidade. Considerando a importância do cenário, é preciso problematizar como a inserção do Capital global no espaço urbano local, discreta e dissimulada em alguns casos, ostensiva em outros, relaciona-se com o uso do espaço pelos habitantes da cidade e com os processos de significação desse espaço. Dentro de uma disputa material e discursiva, as relações das pessoas com o espaço podem subverter a ordem que se propôs. Partindo destas premissas, o projeto busca estudar novos usos e sentidos que emergem na conjuntura descrita, em três praças localizadas na região central da cidade de Belo Horizonte, apreendendo-as sob prismas distintos: memória e patrimônio (Praça da Liberdade), circulação de transeuntes e veículos (Praça 7), espaços de revitalização cultural e urbana (Praça da Estação), e, por fim, circulação de consumo globalizado (Praça da Savassi).

Representações da Ditadura Militar brasileira: a construção da memória social em livros didáticos e interações discursivas na sala de aula

Projeto da Profa. Miriam Hermeto de Sá Motta, propõe a investigação da construção de representações sobre a Ditadura Militar brasileira, construídas por/em três campos de forças muito significativos no âmbito de produção do saber histórico escolar na contemporaneidade: o mercado editorial, o ambiente escolar e a interseção entre eles, que se faz por meio dos usos do livro didático e da atuação docente. A pesquisa deve se desenvolver por meio de duas estratégias: 1) a análise das representações produzidas em/por livros didáticos de História de Ensino Fundamental II e Ensino Médio, em uso nas escolas de Belo Horizonte, por meio do exame de textos escritos e iconográficos, bem como dos protocolos de leitura que o compõem; 2) estudo de caráter etnográfico dos usos destes livros ao longo de um ano letivo, por professores e alunos, especialmente focado nas interações discursivas por eles desenvolvidas.

Ritualizações do poder e do tempo: historiografia, ritos de recordação e práticas cívicas

Projeto Pesquisa coordenado pelo Prof. Douglas Attila Marcelino, envolve alunos da graduação e alguns da pós-graduação, tendo por objetivo refletir sobre a escrita da história e outras práticas de simbolização da morte como formas de ritualização do poder e do tempo. Parte-se do pressuposto de que a historiografia, enquanto rito de recordação, deve ser compreendida em sua devida historicidade, por sua relação com outras formas memorialísticas de dar sentido ao passado que se expressam por meio de narrativas. Isto porque, numa perspectiva diacrônica, as formas de ritualização da morte também podem ser analisadas como parte de um complexo e multifacetado processo de crescente laicização dos discursos, marcado por momentos importantes, como, por exemplo, a invenção da oração fúnebre ateniense e a constituição do elogio acadêmico como novo gênero a partir do Enciclopedismo do século XVIII. Além das novas demandas relativas à temporalidade que marcaram uma crescente secularização do horizonte de expectativas, tal processo se relacionaria também com uma tendência à maior racionalização e uso político das práticas discursivas e rituais de monumentalização da morte, aspecto que, tal como indicaram autores como Fernando Catroga e Reinhart Koselleck, caracterizou igualmente a escrita da história. O importante a ressaltar é que, para além do recorte diacrônico, tal perspectiva permite pensar um campo de reflexão atento às demandas relativas à temporalidade e ao poder que atravessam práticas rituais diversas, entendendo o campo da história da historiografia por sua relação com discussões mais amplas sobre as condições de possibilidade da produção de sentido sobre o passado e dialogando, assim, com autores que, embora distintos, não deixaram de refletir sobre a escrita da história e outras formas rituais de simbolização da morte. Nesse caso, têm sido privilegiadas as interrogações sobre a morte e a escrita da história presentes em certos textos de Michel de Certeau, Reinhart Koselleck e Fernando Catroga. Inicialmente enviado ao CNPq sob a forma de projeto individual de pesquisa, sob o título "Ritos de consagração cívica na passagem do Império à República: os funerais de homens de letras", o projeto é fruto da ampliação e reelaboração daquela primeira proposta e, além da produção acadêmica do coordenador, desenvolve-se por meio de reuniões quinzenais para discussão de textos e pesquisas afins.

Saberes e manuais da terra: "O Fazendeiro do Brasil', edição, leituras, circulação de textos e políticas de informação para o mundo rural na Europa e na América portuguesa - (1790-1808)

O projeto, de autoria do Prof. José Newton Coelho Meneses, objetiva investigar a construção e edição de "O Fazendeiro do Brasil" à luz dos textos e das instruções técnicas que originaram as traduções adaptadas encomendadas ou realizadas por Frei José Mariano da Conceição Veloso para esta obra específica e para as edições de alguns outros manuais de agricultura editados pela Casa Literária do Arco do Cego e por outras oficinas gráficas de Lisboa e entendê-las contextualmente com as políticas de informação e de circulação de textos informativos para a produção agrária no mundo europeu, ao final do século XVIII e início do XIX. Quer desvelar, na perspectiva da edição e circulação de impressos e de leituras e dos pressupostos das edições em seus contextos sociais e culturais, as iniciativas e ações de informação técnica para o mundo rural, neste período, na Europa central e em suas colônias, privilegiando, especificamente, o caso português e sua colônia na América, bem como a obra específica acima citada. Almeja, ainda, interpretar as tendências educativas e analisar os textos originais traduzidos nos manuais portugueses, a origem das técnicas preconizadas e a linguagem dos referidos textos. Para tanto elege como fontes, além dos manuais editados referidos acima (já lidos, em sua maioria) os textos franceses, ingleses, espanhóis, belgas e italianos usados nas traduções adaptadas e comentadas por Frei Veloso e outros tradutores por ele contratados. Toma como pressupostos teóricos a circulação e transmissão da cultura letrada, na intensa e recente discussão historiográfica sobre edição e circulação de textos no mundo moderno, tanto na Europa quanto no Brasil.

Trajetos intelectuais : escritas da história e do público no Brasil na Coleção Brasiliana

De responsabilidade da Profa. Eliana Regina de Freitas Dutra e com o envolvimento de pós-graduandos e graduandos, o projeto pretende investigar as influências intelectuais e o regime de historicidade que marcaram as escritas da História, enquanto conhecimento, e as escritas do público no Brasil, enquanto formulação e construção intelectual, nos anos 1930 e 1940. Para isso, escolheu-se seguir as obras de história e ensaísmo político publicadas nesse período na Coleção Brasiliana. No cruzamento da historiografia com a história intelectual e editorial - acreditando no potencial da análise historiográfica como um instrumento de história intelectual -, é objetivo investigar a presença da várias influências intelectuais nos ensaios e obras de ensaio da Brasiliana - a exemplo, entre outros, da " Revue de Deux Mondes " - na construção de uma nova cultura histórica brasileira e na prática do ensaísmo político, demonstrando as afinidades da cultura histórica com a política, na imbricação com o exercício do público.

Viajantes entre as Américas: intercâmbios intelectuais e circulação de ideias (1880-1960)

De responsabilidade da Profa. Kátia Gerab Baggio, o projeto objetiva analisar, na perspectiva da história intelectual, relatos e impressões de viagens de brasileiros pela América Hispânica e de hispano-americanos pelo Brasil, entre fins do século XIX e meados do século XX. Pretende-se refletir, na longa duração, sobre as interpretações presentes nos relatos de viagem, no sentido de contribuir para o debate acerca das relações intelectuais e da circulação de ideias entre as Américas.

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